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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O Grupo Baader Meinhof


Começando aqui, um novo tema a ser tratado no blog: Filmes!
Aqueles que eu vi e achei bom, que dizem algo ou sei lá...só filmes hehehe

Começando com o filme: O Grupo Baader Meinhof.
Críticar tirada do site: www.omelete.com.br



É sintomático o fato de Baader-Meinhof ser lembrado por muitos hoje como o nome de um blues da Legião Urbana. Em tempos de capitalismo autodestrutivo como o atual, ver um filme sobre a utopia idealista de uma guerrilha de esquerda dos anos 60 e 70 é como visitar uma ficção, daquelas em que autofalantes entoam no meio da rua canções de protesto.

Há, sim, uma variedade considerável de romantizações emO Grupo Baader Meinhof (Der Baader Meinhof Komplex, 2008), mas a história em essência é verídica. Assim como no filme, ela começa oficialmente quando o xá do Irã visita Berlim ocidental em junho de 1967, e um grupo de estudantes, protestando contra violações dos direitos humanos no país árabe, é recebido pela polícia e pela claque do xá com violência desmedida.

Soma-se aí a aversão ao imperialismo dos EUA, em plena ebulição da Guerra do Vietnã, e a onda estudantil dos movimentos europeus de 1968, e temos o ambiente ideal para a criação da Facção Exército Vermelho (a RAF), liderada por Andreas Baader (Moritz Bleibtreu). Com a adesão da jornalista Ulrike Meinhof (Martina Gedeck, deA Vida dos Outros), a RAF alicerça seus dois pilares: o da teoria, Ulrike, e o da ação, Baader.

A princípio, o diretor Uli Edel se deixa levar pelo encanto do movimento. Cada discurso inflamado de Ulrike vem acompanhado de temas clássicos do período - Janis Joplin, Jimi Hendrix - e da glamourização da clandestinidade, com Gudrun (Johanna Wokalek), a mulher de Baader, banhando-se nua na frente de um novato. A cena em que Baader, na estrada, ensina o mesmo novato a descarregar seu revólver sem direção é o ápice da transformação dos guerrilheiros em rockstars.

Aos poucos, porém, o grupo é chamado a não apenas responder pelos seus atos, como também a definir um norte. No começo dos anos 70 não era difícil ver movimentos de esquerda assumir para si a defesa de causas as mais variadas - palestinos, panteras negras, tupamaros, todos citados em algum momento de O Grupo Baader Meinhof - mas o fato é que a RAF tinha dificuldade até em defender sua própria integridade. Com os atentados, mortes e prisões começam a acontecer.

Edel trabalha numa linha historiográfica o tempo inteiro - jogando em cascata informações e mais informações, em off e em reconstituições de ações de guerrilha - mas o filme só começa a ficar interessante de verdade (pelo menos para quem, hoje, não se contenta com a nostalgia) quando percebemos o abismo que há entre Ulrike e Baader, entre a teoria e a prática. Cena emblemática: as alemãs nuas tomando sol, para estupefação dos milicianos árabes, em pleno campo de treinamento na Jordânia.

Todo o terço final do filme - que cobre a longa e exaustiva prisão e o consequente julgamento dos cabeças da RAF - serve para discutir a validade do grupo, e, mais importante, discutir o que significa impor, ao imaginário popular, a figura do guerrilheiro como um semideus. Em alemão, "komplex" pode significar tanto "grupo" quanto "questão". É ambíguo, portanto, o título original - e o filme se sai bem sempre que trata o grupo Baader-Meinhof como uma questão.


Abraços...

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